O engenheiro mecânico Daniel dos Santos, de 41 anos, foi solto em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, após ficar 16 dias preso por um roubo ocorrido há 10 anos no Piauí e que ele diz que não cometeu. Daniel chorou muito ao ser libertado e abraçou os irmãos e a advogada (veja vídeo acima).
Daniel conseguiu apresentar à Justiça piauiense a folha de ponto de uma fábrica de móveis em São Paulo, provando que trabalhava no dia e no horário em que o crime ocorreu.
Segundo a defesa do engenheiro, os documentos dele foram clonados na época dos fatos e um criminoso que foi preso em flagrante em 2010, logo depois o assalto, apresentou os documentos de identidade se passando por ele. Daniel nunca foi intimado para nenhum ato do processo e, diz a advogada dele, não há nos autos impressões digitais do suspeito responsável pelo assalto.
“Quando me levaram para a delegacia, achei que iriam perceber o engano e eu voltaria para casa normal. Mas tinha um mandado judicial para me prender! Rodei por três presídios, foi me dando desespero, achei que não podia confiar na Justiça. Não tinha medo dos presos, eles entenderam que eu era inocente, até me ajudaram. Me diziam: ‘eu tô preso porque fiz algo, mas você, não’.”, disse Daniel ao G1 após ser libertado.
“Fiquei com medo da Justiça, porque já tinha um erro, eles me condenaram errado, e daí negaram três pedidos que minha advogada fez para a liberdade. Começa a dar medo de falhar. Eu não era nem acusado por algo que não fiz. Era condenado por uma coisa que não fiz”, afirma o engenheiro.
A família criou uma página nas redes sociais tentando provar a inocência de Daniel. Após a repercussão do caso e os elementos coletados pela defesa, um desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí suspendeu a condenação de Daniel na quinta-feira (16), enquanto o caso será revisto.
Segundo a defesa, na época do crime, um homem que foi preso em flagrante pelo assalto e apresentou documentos que seriam de Daniel. O homem não soube responder, no momento da prisão, o nome da mãe e a polícia suspeitou de uso de documento falso, mas mesmo assim o processo correu sem o fato ser analisado.
Na mesma época, Daniel, morando em São Paulo, soube que estavam usando o nome dele para empréstimos bancários e fez um boletim de ocorrência de estelionato na Polícia Civil. O boletim, de dezembro de 2010, também ajudou a provar que há 10 anos alguém tentou se passar pelo engenheiro.
O verdadeiro criminoso chegou a participar, presencialmente, de uma audiência no Piauí em fevereiro de 2011, quando foi colocado para responder pelo crime em liberdade provisória e então desapareceu. Quando a conclusão do processo saiu, em julho deste ano, a polícia prendeu o paulista Daniel dos Santos na cidade de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo.
“Eu só tenho a agradecer a todos que acreditaram na minha inocência. Gratidão imensa aos que rezaram e ficaram ao meu lado. Meus colegas de trabalho se mobilizaram para conseguir rapidamente a folha ponto e o comprovante de pagamento dos salários, provando que eu estava trabalhando no dia em que o fato ocorreu”, afirma Daniel.
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O engenheiro é casado há 12 anos e está na fila para adotar um casal de irmãos.
“Eu tirei todos os documentos recentemente, e a folha de antecedentes para a fila de adoção. Nunca deu nada, nunca tive nenhum problema com a Justiça. Até que aconteceu isso. Eu fiquei, em primeiro momento, negando tudo, sem entender o que estava acontecendo”, diz Daniel sobre o momento da prisão.
O engenheiro voltará a trabalhar na próxima semana e diz estar feliz em poder explicar que é inocente.
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“Neste momento, existem elementos suficientes a indicar a probabilidade da versão apresentada pelo requerente, de que ele não seria o indivíduo que foi preso em flagrante aqui no Piauí”, declarou o desembargador Edvaldo Pereira de Moura na decisão publicada nesta quinta (16).
O desembargador afirmou ainda que “existem discrepâncias entre a identificação visual do requerente e do mencionado réu”, além de ter notado diferenças na assinatura.
Desta forma, foi expedido alvará de soltura em favor do paulista Daniel dos Santos para que ele fosse colocado em liberdade até decisão posterior ou novo julgamento do caso.
Fonte: G1 PI
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