Após perder a esposa para a Covid-19 no dia 15 de julho, a vida de Rodrigo da Silva Santos mudou completamente. Desempregado e com cinco filhos para criar, o homem enfrentou dificuldades que só foram amenizadas com a campanha organizada por vizinhos para ajudá-lo. Rodrigo conseguiu alimentos, roupas, móveis, eletrodomésticos e até a reforma da sua casa e de seus pais, que será feita em breve.
Rodrigo e Flávia Carvalho estavam juntos havia cerca de 8 anos. Eles se conheceram por meio de um colega em comum e passaram algum tempo conversando pelo celular. “Assim que a gente se conheceu pessoalmente, eu já me juntei com ela. Na época, ela já tinha um filho”, contou o marido.
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Neste ano, Flávia engravidou do quinto filho. Perto de dar à luz, chegou à Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), em Teresina, porque tinha perdido muito líquido. Logo fez o teste para a Covid-19 e foi colocada em isolamento. O pulmão dela estava bastante comprometido. Durante a internação, Flávia deu à luz Maria Cecília, com quem pôde conviver por apenas três dias. Hoje a bebê, que não chegou a ser infectada pelo novo coronavírus, está com pouco mais de um mês de vida.
“A assistente social me ligou para eu pegar a neném, porque ela [Flávia] ia ser levada para UTI por estar muito ruim. Eu ficava ligando direto para lá, e o médico dizia que ela já estava boa, que estava reagindo. Mas o médico disse que o pulmão estava muito inflamado, o rim dela também e estavam dando um medicamento mais fraco e que dariam um medicamento mais forte. Só que mesmo com esse medicamento forte, ela não estava reagindo”, pontuou.
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Flávia morreu em 15 de julho, depois de passar mais de 30 dias internada na unidade. Ela tinha hipertensão, diabetes e obesidade.
Um estudo publicado no periódico médico International Journal of Gynecology and Obstetrics no mês passado revelou que, no Brasil, morreram mais mulheres grávidas ou no pós-parto do que em todos os outros países somados. As pesquisadoras estimam que as mortes, que na data da publicação do estudo somavam 124, hoje devem ultrapassar os 200, mas ainda não têm números fechados.
Outra pesquisa brasileira, publicada na revista científica Clinical Infectious Diseases, da editora da Universidade de Oxford, mostrou que mulheres grávidas pretas têm quase o dobro de chance de morrer por Covid-19 no Brasil do que as grávidas brancas.
Além da recém-nascida, Flávia deixou Isadora, de 2 anos, João Lucas e Miguel, de 3 anos, e Gerson, de 5 anos, que mora no Maranhão.
Sonho era ver filhos formados
De acordo com Rodrigo, o sonho de Flávia era ver todos os filhos formados, com uma boa profissão. “Ela queria demais ver todos eles estudando, se formando, para um dia ser médico ou ter outro emprego bom. O maior de cinco anos, o Gerson, quer ser policial”, contou.
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Filhos perguntam pela mãe
O marido contou que a morte de Flávia aconteceu de repente e que pensou não ser capaz de cuidar de todos os filhos.
“Foi ligeiro demais. Foi de repente. Na hora que ligaram para mim, eu pensei ‘a mulher está boa’ e na hora que eu cheguei lá, o médico disse que só podia entrar um. Na hora que eu cheguei na cama que ela estava, eu pensei ‘Eita rapaz, pronto, a mulher morreu e meus filhos, como vão ficar? E o de 5 anos?’ aí eu disse assim ‘eu não vou aguentar não, mas Deus vai me dar força para eu lutar para eu criar os meus meninos’”, lembrou.
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Segundo o viúvo, uma das maiores dificuldades é lidar com as perguntas do filho Gerson, que já entende a situação.
“A mãe deles era muito apegada com os meninos. Ela que cuidava, passava o dia todo com eles e agora o Gerson está morando com a avó. Sempre que ele me vê, ele fala ‘Papai, a mamãe morreu, mas quero voltar a morar com o senhor’. Aí eu sempre digo pra ele que a gente vai voltar a morar juntos, ele e os irmãos”, disse.
Campanha solidária
Os vizinhos de Rodrigo decidiram ajudá-lo e organizaram uma campanha para arrecadação de mantimentos. As doações seriam não só para o Rodrigo e seus filhos, como também para os avós das crianças que moram próximo.
O marido de Flávia relatou ao G1 o que recebeu de doação. “Minha rotina mudou. Doaram cestas, uma geladeira, freezer, ventilador, fraldas para os meninos e, graças a Deus, estão me ajudando. Se não fosse essa doação, não tinha como”, comentou.
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Um arquiteto também entrou em contato com Rodrigo e se ofereceu para reformar as duas casas: a dele e a de seus pais. Ele decidiu ajudar depois de ver a história do pai de cinco filhos na televisão.
“Agora, estou esperando saber que dia vão começar as obras. Ele [o arquiteto] vai reformar as duas casas, a minha e a da minha mãe. Ele viu na televisão e veio aqui para dar uma ajuda”, disse Rodrigo.
Fonte: G1 PI
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