O Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo investiga possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus. O hospital montou um laboratório, espécie de núcleo, para apurar os casos. Até o momento, sete casos suspeitos estão sendo investigados. Em entrevista ao Notícia da Manhã, o infectologista Max Igor Lopes, coordenador do ambulatório de moléstias infecciosas e parasitárias do HC, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP ), destaca que as suspeitas de reinfecção são muito fortes e já ter tido a doença não significa que o paciente está imune.
O médico ressalta que uma das grandes dificuldades para confirmar a reinfecção é conseguir as duas amostras que comprovam que o paciente foi infectado e reinfectado.
“Para você conseguir comprovar que o vírus é diferente das duas vezes, você precisa ter a amostra da primeira e da última vez. Como ninguém esperava que fosse acontecer isso, não, necessariamente, todas as amostras estão guardadas e cada um tem uma história, cada um colheu uma amostra em um determinado laboratório. Então o processo de recuperação é bastante complexo”, disse o infectologista.
De posse das amostras, o médico explica que o próximo passo é descobrir o código genético do vírus das duas amostras e comparar para ver se há diferença.
“Se houve uma reinfecção, o esperado é que tenha uma certa diferença entre o vírus da primeira e o da segunda vez”, explica o médico acrescentando que, nos sete casos investigados, os pacientes tiveram sintomas.
“Eles têm sintomas, um intervalo de dois a quatro meses entre a primeira e a última. Os casos parecem mais com o caso descrito nos Estados Unidos em que a segunda infecção foi mais intensa do que a primeira, do ponto de vista de sintoma. Mas ninguém ficou grave. Eu acredito muito que essas pessoas tiveram a doença duas vezes. Resta saber se houve algum outro vírus que causou essa doença. Estou achando que é o coronavírus […] ou o coronavírus reativou, que é um comportamento estranho para o coronavírus, ou uma reinfecção. Estamos avaliando todas as possibilidades”, disse o infectologista.
Ele alerta que ter sido infectado pelo novo coronavírus não é um ‘passaporte’ para não ser reinfectado.
“O que é mais importante nisso é que você, inclusive, transmite. Mesmo sem situações muito graves, as pessoas adoeceram duas vezes e podem estar transmitindo. As pessoas precisam entender que ter Covid não é um passaporte de garantia para dizer que nunca mais vai ter. Muito provavelmente acontece isso, eventualmente, e tem o risco de transmissão”, finaliza o infectologista Max Igor Lopes.
Técnica de enfermagem, primeiro caso
No Brasil, os casos de reinfecção pelo vírus começou após médicos dos Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto divulgarem o possível caso de reinfecção em uma técnica de enfermagem que trabalha em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Os pesquisadores ainda realizam testes para confirmar a reinfecção.
Em Hong Kong, cientistas confirmaram que um paciente de 33 anos foi infectado pela segunda vez quase cinco meses após a primeira infecção. Na Bélgica e Holanda também confirmaram dois casos de reinfecção, um em cada país.
Fonte: Graciane Sousa/ Cidade Verde
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