A Polícia Civil do Piauí investiga o uso do monomotor, que caiu na última sexta-feira (28) em Teresina, com o tráfico de drogas. O delegado Odilo Sena, do 21º Distrito Policial, afirma que a polícia atua na área criminal do caso. Na queda, o piloto Leandro Holfer morreu carbonizado. “O avião já foi envolvido com tráfico de drogas. Como houve uma morte. Então, a princípio, pode se pensar em mero acidente, mas, além de acidente, pode configurar um crime”, diz o delegado.
O delegado explica que diversos indícios levaram a Polícia Civil a investigar o envolvimento com atividades ilícitas, como o transporte de tóxico. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), também investiga o caso. Tanto o piloto como o dono da aeronave não são do Piauí, ambos são do estado do Pará.
“Por que a gente está achando isso? Por causa de uma série de atitudes tomadas tanto pelo piloto como pelo dono da aeronave: procedimentos fora da habitualidade, fora da legislação aeronáutica. A aeronave foi retirada: sem autorização, sem certificação de voo, com o certificado de aeronavegabilidade cancelado”.
De acordo com as investigações iniciais, o delegado Odilo Sena conta que “a aeronave foi comprada do dono do aeródromo há aproximadamente sete meses”. O monomotor tem mais de 50 anos de uso.
“Na quinta-feira o próprio dono entrou em contato com o aeródromo dizendo que uma pessoa dele iria verificar a questão técnica da aeronave. Esse cidadão por nome de Leandro, que faleceu no acidente, apareceu com uma atitude extremamente suspeita”.
O delegado informou que o piloto Leandro fez cursos de piloto privado na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e tentou fazer o curso de piloto comercial em outra localidade. Não há informações sobre o andamento desse segundo curso.
“A aeronave foi liberada pelo dono. Esse rapaz veio aqui, foi até o aeródromo, com uma atitude suspeita. Na sexta-feira, no dia do acidente, ele ligou os motores para verificar. Pegou o avião e simplesmente voou, sem autorização. A sorte que o aeródromo ainda fez dois certificados, juridicamente falando colocando a responsabilidade de qualquer ato sobre o piloto. O piloto falsificou a assinatura referente a essa tratativa”, conta Sena.
A causa do acidente aponta inicialmente para uma falha técnica de piloto principiante. “Segundo o próprio dono do aeródromo, ele deu, digamos assim, uma guinada no bico da aeronave muito acentuada. A aeronave perdeu o controle, provavelmente tenha entrado em parafuso, e adentrou ao chão praticamente perpendicular”.
“Não terminamos as investigações, mas preliminarmente tudo indica que houve falha humana grave, tosca. O ex-dono mantinha o avião ainda em funcionamento. Infelizmente, veio a acontecer isso”.
Drogas
“O Pará é muito utilizado para trafico de drogas. Esse avião foi comprado pelo preço de R$ 40 mil, preço barato, carregado de problemas administrativos, ou seja, tinha que ser colocado em dia toda uma documentação, burocracia necessária para a segurança de voo”, diz o delegado.
Odilo Sena acrescenta que, “do ponto de vista econômico, o avião não tinha serventia nenhuma. A não ser para tratativas ilícitas, como o transporte de tóxico”.
“Para aumentar a nossa suspeita, o avião tem capacidade de 240 litros de combustível, tem uma autonomia de 4h30 de voo, o local onde provavelmente iria era Novo Horizonte, no Pará. Nesse avião daria mais ou menos 3h30 de voo, ou seja, ele não iria parar em lugar nenhum. E é justamente no local onde ele e o dono residem. Para aumentar ainda mais a suspeita, o próprio dono não procurou o aeródromo depois que o seu próprio avião caiu no meio da mata. No mínimo é suspeito”.
Fonte: Carlienne Carpaso/ Cidade Verde
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