O dono de uma papelaria, Olimar Ribeiro, 43 anos, teve a casa invadida na sexta-feira (20) e foi obrigado a deitar no chão, ao lado da esposa e dos filhos, por uma equipe da Polícia Civil do Piauí (PC-PI) em um cumprimento de mandado de prisão em Teresina. A ação foi parcialmente filmada pela família (vídeo acima) e a informação dada pelos policiais é de que houve erro no endereço alvo do mandado.
Em contato com o g1, a Polícia Civil do Piauí comunicou que eventuais responsabilidades administrativas decorrentes da atuação de seus integrantes serão apurados pela Corregedoria da PC-PI.
Olimar registrou um boletim de ocorrência na Corregedoria da Polícia Civil horas depois e foi informado de que o caso será apurado. O g1 procurou a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) e aguarda posicionamento sobre o caso.
O caso aconteceu no residencial Parque Brasil I, Zona Norte da capital. Segundo o comerciante, ele e a família foram acordados às 5h30 com o portão de casa sendo arrombado e a casa invadida. Um carro da família, estacionado da garagem, também foi danificado no momento em que o portão foi quebrado. A esposa do comerciante passou mal por conta da situação.
Conforme o comerciante, ele e sua família foram obrigados a deitar no chão enquanto os policiais revistavam a residência. Na casa estavam Olimar, a esposa de 46 anos, a filha de 20 anos e o filho de 12. Nada ilícito foi encontrado pelos policiais.
Diante da situação, a família questionou quem era o alvo do mandado e os agentes mostraram uma foto de uma pessoa que ninguém da família conhecia. O dono da papelaria também questionou o endereço, e a polícia teria exibido uma foto da casa, feita pelo Google Maps, mas com data de dez anos atrás.
“Perguntei contra quem seria o mandado e eles mostraram a foto de uma pessoa que eu nem conheço. Perguntei o endereço e eles mostraram uma foto do Google [Maps] de dez anos atrás. Como vão cumprir um mandado com foto antiga e sem saber quem mora lá?”, questionou o comerciante.
Segundo Olimar, os policiais confirmaram o erro assim que perceberam o engano, mas não deixaram que ele visse o mandado de prisão. Os policiais não explicaram para a família qual foi o erro cometido ou por quem, mas admitiram que eles não eram o alvo da operação. Em um dos vídeos feitos pela família, um policial admite o equívoco.
“Estou pedindo desculpas e informando que foi erro nosso, somos passíveis de erro”, informou um dos policiais, que durante a conversa com a família pediu para não ser identificado.
Quanto aos prejuízos materiais, segundo eles, estes serão custeados pela Secretaria de Segurança Pública. Quanto a uma possível indenização, foram orientados a “procurar seus direitos”.
Os policiais informaram ainda que não conduziram a investigação, estando no local apenas cumprindo o mandado em apoio às equipes que investigaram o caso em questão. Após informarem o equívoco, segundo Olimar, os policiais foram embora.
Abalo emocional
A filha mais velha do dono da papelaria, que também estava em casa no momento da invasão, disse que a mãe passou mal enquanto estava deitada no chão. Em um dos vídeos, é possível ver a mulher chorando muito enquanto estava sentada no chão, sem conseguir levantar.
“Depois que viram que cometeram um erro, foram tão egoístas de pensar só em amenizar a situação para o lado deles que sequer prestaram socorro para a minha mãe. Eles passaram por cima dela para olhar a minha casa e depois tentaram amenizar a confusão que eles fizeram”, apontou a moça.
Olimar e sua família disseram ao g1 que estão abalados e revoltados com a invasão.
“É muita humilhação. A polícia tocou o terror na sua casa, pensei que fossem bandidos. Se fossem bandidos, eu entenderia. Mas você não deve e não tem nada a ver. É complicado”, lamentou.
Fonte: G1 PI
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